Projeto de combate ao trabalho infantil: estudando as crianças garantem o seu futuro

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Em 12 de junho, foi celebrado o Dia Mundial contra a Exploração do Trabalho Infantil. Na Audiência Geral da quarta-feira 10 de junho, o Papa Francisco fez um apelo contra o trabalho infantil, “fenômeno que priva meninos e meninas de sua infância e põe em risco seu desenvolvimento integral”, disse o Pontífice.

A propósito dessa problemática existente também no Brasil, nós contatamos Elivania Rodrigues da Silva do Município de São Mateus (ES), membro da Comunidade Catedral. Ela trabalha na Secretaria Municipal de Educação e tem a função de coordenar o projeto do Ministério Público do Trabalho na Escola (MPT na Escola) em parceria com a Prefeitura de São Mateus por meio da Secretaria Municipal de Educação.

“No Brasil, o trabalho infantil afeta 2,4 milhões de meninas e meninos entre 5 e 17 anos, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua 2016 do IBGE. Em 2019, das mais 159 mil denúncias de violações de direitos humanos, recebidas pelo Disque 100, cerca de 86,8 mil tinham como vítimas crianças e adolescentes. Desse total, 4.245 eram de trabalho infantil, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos”, diz Elivania.

A coordenadora municipal do Projeto MPT na Escola se emociona ao falar do trabalho que desenvolve, pois sente que foi um presente que Deus lhe deu “para estar mais perto dessas crianças e adolescentes, ajudar o próximo, servir e dar sentido à nossa vida aqui na terra”, afirma ela.

“O Projeto MPT na Escola está presente em todas as escolas do Município de São Mateus e as temáticas do trabalho infantil e a proteção do trabalhador adolescente estão inseridas na proposta pedagógica da escola junto com o plano de ensino do professor”, ressalta. Os pedagogos recebem uma formação que é passada para os professores que por sua vez desenvolve o projeto em sala de aula.

Segundo Elivania, o projeto está inserido no Município de São Mateus há 9 anos. “Ao detectar o problema do trabalho infantil a gente aciona a família da criança, fazemos uma visita à família da criança junto com a Secretaria de Assistência e a guarda dos pais pode ser tirada. O projeto valoriza o trabalho do profissional professor, pedagogo e também a escrita, o pensar da criança e do adolescente”, ressalta Elivania.

O projeto organiza um concurso de redação “onde as crianças escrevem em forma de textos, poemas, desenhos, frases, memórias e crônicas voltadas para a temática do trabalho infantil”. São eleitas as cinco melhores atividades de cada categoria desenvolvidas pelas crianças. O prêmio é uma bicicleta para auxiliar o aluno a ir a escola, a incentivá-lo a estudar.

Segundo a coordenadora municipal do Projeto MPT na Escola, “professor e pedagogo também são premiados a fim de que se sintam valorizados e incentivados a continuar esse trabalho, o trabalho de educar, de resgatar esses meninos e meninas, de mostrar para eles que eles podem escrever a própria história, falar com eles que não é o bairro onde eles moram ou o meio em que eles nasceram que vai definir o seu caráter ou a sua profissão, e sim as suas escolhas. É muito gratificante poder contribuir com crianças de baixo poder aquisitivo e ver o brilho no olhar de cada uma delas quando recebem o prêmio. A gente mostra para essas crianças que elas são capazes, que podem reescrever a sua história, que elas precisam estudar, que é estudando que elas vão garantir o seu futuro e estudando elas poderão dar a seus pais o que eles no momento não puderam dar a elas. O projeto contempla não somente as crianças, mas também as famílias dessas crianças, pois na realização de visitas, formações e seminários a gente está sempre orientando para que a informação chegue até as famílias dessas crianças”.

Fonte: Vatican News

 

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