Caríssimos, confiar em alguém, é dar a essa pessoa a liberdade de ação, inclusive em relação à própria vida. É se pôr à sua disposição, na certeza de que o que lhe foi confiado será levado à bom termo. Mas, para se ter uma tal confiança se faz necessário levar em conta os valores divinos que fundamentam a vida dessa pessoa; caso contrário, não se pode confiar nela. É como escreveu o Profeta Jeremias: “Eis o que diz o Senhor: Maldito o homem que confia em outro homem, que da carne faz o seu apoio e cujo coração vive distante do Senhor!”
Dito isto, vejamos os tipos de confiança que constatamos em meio às relações humanas. Existem aqueles que confiam em si mesmos, por isso, desconfiam de tudo e de todos, consequentemente, são vulneráveis e inseguros apesar de manterem uma certa aparência de instabilidade; existem aqueles ainda que depositam tanta confiança nos outros que esquecem do discernimento que precisam para isto; por isso, quando são vilipendiados na confiança que depositaram, se decepcionam de tal forma que se fecham para novos relacionamentos, tornando-se frios e calculistas.
Com efeito, na primeira leitura de hoje, vemos o rei Ezequias ser atacado por um rei aparentemente mais poderoso do que ele, simplesmente por causa de sua confiança em Deus. Todavia, ele não se deixou intimidar, mas logo recorreu ao Senhor, obtendo dele como resposta a vitória sobre o seu algoz. De fato, é como está escrito: “Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Assemelha-se à árvore plantada perto da água, que estende as raízes para o arroio; se vier o calor, ela não temerá, e sua folhagem continuará verdejante; não a inquieta a seca de um ano, pois ela continua a produzir frutos.”
O Evangelho de (Mt 7,6.12-14) nos mostra a via do discernimento perfeito, cujo primeiro passo a ser dado nela, é: “Não jogar pérolas aos porcos”, ou seja, nem todos estão aptos para receberem a palavra que os salva, por isso, muita atenção, porque estes podem se voltar contra nós e nos esmagar. Segundo passo para o discernimento perfeito: cada um só dá o que tem, por isso, nunca trate mal quem quer que seja, pois não existe o mal no coração de quem anuncia Cristo. Terceiro passo: quem tem consciência que está à caminho do céu, tem a Cristo como única Porta de entrada nele; qualquer outra doutrina fora da Palavra do Senhor, é porta larga para a perdição eterna. Portanto, a primeira e última palavra, é Cristo, Porta estreita da salvação, por Ele entramos na vida eterna.
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
Fonte: http://brasilfranciscano.blogspot.com/