Katherine Bianchini Esper
Secretária Nacional para a Área Sul
“Nele e por ele, o mundo conheceu uma alegria inesperada e uma santa novidade: a velha árvore da religião viu reflorir seus ramos nodosos e raquíticos.” (1Cel 89, 5). As palavras de Celano trazem para nós o sentimento de renovação que Francisco de Assis trouxe na vida de cada um que abraçou o seu carisma. E não apenas aos que o seguem, mas também a todos os admiradores que Francisco cativou em sua breve, e marcante, passagem pela terra. A celebração dos 800 anos deste encontro é um apelo para todas as pessoas, em especial aos franciscanos e franciscanas. A missão iniciada por São Francisco e pelo Sultão precisa ser continuada, saindo dos discursos isolados e se tornando ações concretas em vista da promoção da paz e do diálogo.
Diante de tantos momentos inspiradores que os regionais e fraternidades locais da Juventude Franciscana (JUFRA) vivenciaram durante este último ano nas comemorações dos 800 anos do diálogo de Francisco com o Sultão, destaca-se uma celebração em especial. A JUFRA do Brasil esteve reunida no Congresso Nacional (CONJUFRA) Eletivo em março de 2019 e certamente esse encontro foi um dos momentos mais proféticos e marcantes na caminhada de cada jufrista presente. Dentro de toda a mística abraçada para o congresso, foi realizada a Celebração Inter-religiosa pela Superação da Violência, com representantes do Islã, da Umbanda, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana e da Igreja Católica. E naquele lugar, independente de crenças ou religiões, todos estavam orando juntos pela Paz. As mãos que se uniram para rezar, também foram colocadas na terra para plantar mudas de árvores, marcando este encontro histórico para a Juventude Franciscana de todo o Brasil.
Quatro árvores foram plantadas neste encontro, porém as sementes lançadas não podem ser contadas. A JUFRA está inserida nas mais diversas realidades do país (e do mundo), sendo esta característica essencial para compor a beleza única de nossas fraternidades. Somos agentes da transformação e protagonistas da nossa história, em contexto social e eclesial. Este ano de comemorações nos recordou a importância da presença da Juventude Franciscana nos ambientes que promovem ou que precisam de diálogo inter-religioso. Se abraçamos o carisma franciscano, precisamos defender o que é próprio dessa espiritualidade; precisamos ser a presença de Francisco numa sociedade que tanto necessita dela.
“Permitiu Deus que o Sultão acalmasse a sua ira e o escutasse complacentemente. E ao verificar em Francisco um tal entusiasmo, uma tal coragem, um tal desprezo da vida, uma eloquência verdadeiramente divina, o Sultão desfez-se em atenções para com ele: passou a tratá-lo com toda a consideração, e oferecendo-lhe valiosos presentes, convidou-o a ficar mais tempo em sua companhia.” (Lm III – 9, 3). A coragem e entusiasmo de São Francisco mudou os rumos da história, o fazendo ainda ser lembrado depois de mais de 800 anos de sua passagem terrena. Francisco não apenas fez reflorir a velha árvore da religião: ele semeou e plantou diversas novas. E aqui está a nossa vocação enquanto jufristas: nos preocuparmos não somente em semear, mas principalmente em cuidar e cativar tudo o que já cresceu e floriu no nosso carisma. E para isso, nunca podemos esquecer da presença desafiadora de Cristo que inspirou nosso Seráfico Pai Francisco em viver pela reconstrução da Igreja. Que possamos encontrar nas adversidades, o amor fraterno; e no diálogo, a promoção da paz.